segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ainda vai?


Deixa eu te fazer uma pergunta. Umazinha só, eu prometo. Desfaça essa cara de apavorado, isso não combina com você. É coisa simples, não dói nadinha. Você até pode responder enquanto eu faço um cafuné nesse seu cabelo bagunçado e mordisco de leve a sua orelha esquerda. Querido, você ainda vai me amar?

Quando eu estiver em casa de blusa branca e moletom, sem maquiagem e com o cabelo embaraçado preso em um coque. Quando eu acordar mal-humorada, estiver no auge de uma crise de TPM e brigar com você. Quando eu chorar sem motivo algum, lhe fizer um milhão de perguntas e sentir ciúme da sua ex-namorada. Quando eu engordar, ficar chateada por algo que você não disse ou reclamar que você não repara em mim. Quando eu estiver romântica, disser “eu te amo” a cada cinco minutos e lhe pedir para não se afastar de mim. Quando eu estiver selvagem, sentar no seu colo e pedir que você acabe comigo. Quando eu disser que quero sair só com as minhas amigas, quando eu me atrasar ou demorar em escolher uma roupa para sair. Quando eu disser que estou com dor de cabeça, lhe deixar falando sozinho ou não atender as suas ligações. Quando eu disser que estou insegura, que estou com medo e começar a reclamar do meu cabelo. Quando eu lhe passar uma cantada, recusar seu convite em um sábado à noite ou falar bobagens no seu ouvido. Quando eu lamber o seu pescoço, morder o seu lábio e puxar o seu cabelo. Quando eu lhe pedir para não parar e lhe mandar calar a boca. Quando eu lhe contar que gosto de sertanejo universitário e que danço funk até o chão. Quando eu lhe contar que não gosto de política, que como miojo cru e que meu sonho é ser mãe. Quando eu lhe contar que sou extremamente estúpida e que detesto fazer faxina em casa. Quando eu lhe confessar os meus segredos, minhas manias e meus vícios. Quando eu lhe contar que tenho uma caixinha cheia de cartas, que amo sorvete de abacaxi e que falo sozinha. Quando você perceber que eu tenho mania de estalar os dedos, o pescoço e as costas. Quando eu lhe disser palavras feias, arranhar as suas costas e tiver uma crise de loucura.

Viu, eu disse que era simples. Hein meu bem, ainda vai?

B.F.

Nenhum comentário:

Postar um comentário