sábado, 26 de fevereiro de 2011

Quem sabe no futuro


Era mais uma terça-feira fria e cinzenta. Meu despertador tocou lembrando-me compromissos que devem ser cumpridos naquele dia. Foi quando levantei e senti o leve aroma de café vindo da cozinha e com isso me veio lembranças: 15 anos, escola, amigos, namoro, shopping, risadas, sorvetes... Um buraco no meu peito foi aberto com lembranças antigas. Lembrei-me de quando esse mesmo aroma subia e em minha sala fazia morada. Era uma tortura, pois o cheiro era irresistível. Lembrei-me da menina que falava com a língua pra fora, quantas vezes não dera risada da pobre junto com a minha amiga. Nem sei como ela está hoje, vai ver resolveu colocar a língua pra dentro da boca. Risadas e mais risadas. Que saudades da minha antiga escola, saudades do tempo em que tudo era mais simples. Posso dizer sem qualquer sombra de dúvida, aproveitei bastante, tenho certeza que foi a melhor época da minha vida. E agora, meus compromissos estão a me chamar.
B.F.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Em uma dessas brigas...

- Eu quero ficar sozinha! – gritou ela, pouco antes de bater a porta da cozinha e atropelar os degraus da escada sem direção alguma.
O motivo tinha sido mais uma futilidadezinha qualquer, que ganhou mais importância do que merecia. Uma frase mal pontuada, um silêncio inoportuno e uma palavra dita no momento errado. Às vezes, nós não escolhemos ficar chateado com alguma situação, isso é algo espontâneo. Naquele momento, ela precisava de um tempo só dela, para respirar um ar diferente e caminhar por praças floridas permitindo o pensamento voar longe. Ela queria chorar sozinha, chorar as lágrimas que tinham direito de ser apenas dela e ninguém mais.


Ele ficou estático no meio da cozinha, entre o balcão e a mesa de madeira. Quando recobrou a consciência, em alto e bom tom e esmurrou a porta do armário. Reações diferentes, mas nem por isso a dor era diferente. Ele caminhou em círculos tentando reformular todo o diálogo e encontrar a palavra-chave que desencadeou a discussão. Nada feito. Depois de observar o telefone por vinte minutos, decidindo se deveria ligar ou não, ele optou por deixá-la sozinha, como ela queria. Talvez mais tarde ele se arrependesse por sempre cumprir religiosamente a mesma rotina, sem surpresas ou contradições, que fazia cada declaração balbuciada nos últimos dias soar como perfeito clichê.

Ela escolheu um banco no centro da praça, de onde conseguia enxergar o pôr-do-sol e as crianças brincando nos balanços. Sentou e ficou durante um bom tempo remoendo o passado que nunca havia abandonado. Quantas vezes consentiu com afirmações que não lhe agradavam nem um pouco, apenas por medo de desentendimentos como aquele. Incontáveis vezes a sua própria vontade foi estraçalhada por conveniências, até que todas as expressões e desabafos contidos, que só foram compartilhados com o espelho, começaram a sufocar. Ela foi resgatada de seu íntimo e profundo momento por uma bola, dessas de plástico, que bateu em seu pé esquerdo. Seus olhos voltaram toda a atenção para um vestidinho rosa e uns fiapos de cabelo loiro que se emolduravam em um rostinho angelical.

Ele teve vontade de chorar, no fundo ele sabia que sim. Mas aí ele lembrou que chorar não é coisa de macho, homem que é homem não fica choramingando. Acabou se convencendo com seu próprio machismo. Ele se esparramou no sofá da sala e ficou observando a porta da cozinha. Era a primeira briga, ele a amava e não sabia como reagir. Começou a lembrar dos tempos de solteiro em que não existiam discussões e frases mal interpretadas. Lembrou também que não existia amor, carinho, respeito mútuo e reciprocidade. Tudo parecia mais simples: festa com os amigos, cerveja, futebol, uma mulher por noite e nenhuma satisfação no dia seguinte. Namoro pode até ser mais complexo, mas não existiu paixão de uma noite que trouxe a satisfação pessoal e a felicidade que ele só encontrou naqueles olhos esverdeados da moreninha que era só dele.

Ela decidiu voltar para casa. Ele ficou parado na janela.

Assim que ouviu ela se aproximar, ele abriu a porta. Ela subiu os degraus olhando para o chão, como se não soubesse o que dizer. Nenhum dos dois sabia, na verdade. Tanto que não foi preciso palavra alguma. Ela entrou, ele fechou a porta. Os dois se olharam por alguns segundos e por aquele olhar eles se disseram tudo. Ele a puxou com força e a beijou como se aquele fosse o último beijo da vida deles. Ela retribuiu.

B.F.

Banheiro Feminino

Hoje, decidi abrir espaço para falar sobre um lugar que é um verdadeiro enigma da humanidade: o banheiro feminino. Você já deve ter ouvido diversas vezes aquela histórica pergunta: por que as mulheres nunca vão sozinhas ao banheiro? Honestamente, não sei responder.
Acredite: é difícil até mesmo para uma mulher conseguir se entender. Existem alguns detalhes, no mínimo, curiosos, que me fizeram dedicar alguns minutos para falar um pouco sobre esse assunto.
O fato de não gostar de ir sozinha a determinado lugar esconde todo um lado psicológico. Mulher não nasceu para ficar sozinha, salvo raras exceções. Precisamos de companhia, e isso inclui querer uma amiga para nos acompanhar até o toilet. O que poucos sabem é que em 70% dos casos não existe a necessidade fisiológica, a maquiagem borrada ou qualquer fator que exigisse uma passadinha no bathroom. A verdade é que, às vezes, nós precisamos ir ao banheiro para conversar. Sim. Você não leu errado; é conversar mesmo. Às vezes, nos saimos da pista da dança ou da sala de aula porque temos alguma informação importantíssima e inadiável para compartilhar com nossas queridas amigas. E que, obviamente, não pode ser dita na frente das pessoas que nos acompanham.
“Amiga, tenho uma coisa pra te contar! Vamos comigo ao banheiro?”. Perdi a conta de quantas vezes ouvi e fiz isso. Quem vê até pensa que o banheiro feminino tem algum poder sobrenatural capaz de resolver os nossos problemas (bom se fosse!). Seja para comentar que tal pessoa indesejada está no lugar, para desabafar sobre como se sentiu diante de determinada situação, para pedir um conselho. Amigas são pra isso, banheiros femininos também. Aposto que, se as paredes falassem, delas brotariam histórias para todos os gostos. Quantas promessas e segredos ficaram guardados naqueles espelhos! Em muitos casos, bastaria ter apenas um espelho, de preferência bem grande, pois geralmente é apenas disso que nós precisamos em um banheiro feminino. Ah, e a amiga claro.


B.F.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Eu te amo (?)


Quem realmente sabe o que significa “eu te amo”? Hoje em dia “te amo” virou “bom dia”, uma forma de moeda que se usa para conseguir o que quer... um troco que se dá para compensar um feito. “Te amo” virou “olá”, “oi” ou qualquer coisa cotidiana que se diz sem sequer sentir. Pior que agente sempre cai... vibramos quando ouvimos e neste “ te amo” depositamos todos os nossos sonhos, toda a nossa vontade de ser feliz, de amar e ser amado.Triste porque “te amo” depois e um beijo pode ser facilmente trocado por “mais uma” ou por palhaça, ou ainda por qualquer palavra sem sentido no momento porque é exatamente assim que esta sendo dito o “eu te amo”.


B.F.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Ainda vai?


Deixa eu te fazer uma pergunta. Umazinha só, eu prometo. Desfaça essa cara de apavorado, isso não combina com você. É coisa simples, não dói nadinha. Você até pode responder enquanto eu faço um cafuné nesse seu cabelo bagunçado e mordisco de leve a sua orelha esquerda. Querido, você ainda vai me amar?

Quando eu estiver em casa de blusa branca e moletom, sem maquiagem e com o cabelo embaraçado preso em um coque. Quando eu acordar mal-humorada, estiver no auge de uma crise de TPM e brigar com você. Quando eu chorar sem motivo algum, lhe fizer um milhão de perguntas e sentir ciúme da sua ex-namorada. Quando eu engordar, ficar chateada por algo que você não disse ou reclamar que você não repara em mim. Quando eu estiver romântica, disser “eu te amo” a cada cinco minutos e lhe pedir para não se afastar de mim. Quando eu estiver selvagem, sentar no seu colo e pedir que você acabe comigo. Quando eu disser que quero sair só com as minhas amigas, quando eu me atrasar ou demorar em escolher uma roupa para sair. Quando eu disser que estou com dor de cabeça, lhe deixar falando sozinho ou não atender as suas ligações. Quando eu disser que estou insegura, que estou com medo e começar a reclamar do meu cabelo. Quando eu lhe passar uma cantada, recusar seu convite em um sábado à noite ou falar bobagens no seu ouvido. Quando eu lamber o seu pescoço, morder o seu lábio e puxar o seu cabelo. Quando eu lhe pedir para não parar e lhe mandar calar a boca. Quando eu lhe contar que gosto de sertanejo universitário e que danço funk até o chão. Quando eu lhe contar que não gosto de política, que como miojo cru e que meu sonho é ser mãe. Quando eu lhe contar que sou extremamente estúpida e que detesto fazer faxina em casa. Quando eu lhe confessar os meus segredos, minhas manias e meus vícios. Quando eu lhe contar que tenho uma caixinha cheia de cartas, que amo sorvete de abacaxi e que falo sozinha. Quando você perceber que eu tenho mania de estalar os dedos, o pescoço e as costas. Quando eu lhe disser palavras feias, arranhar as suas costas e tiver uma crise de loucura.

Viu, eu disse que era simples. Hein meu bem, ainda vai?

B.F.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Escolha.


Juras de amor foram feitas, beijos ardentes trocados, respirção ofegante compartilhada. E de que valeu? Ele escolheu o mundo, a liberdade. Escolheu jogar o amor dela ao vento. Ele fez a escolha certa.

(...)

E ela? se afogou em lágrimas e desespero. Pobre garota.



B.F.

Destinado a você.


Derrubar lágrimas, sufocar a garganta, calar gritos mudos, não vão te ajudar em nada. Existem certas atitudes que devem ser tomadas por serem certas, quem inventou o certo e o errado sabia o que estava fazendo. Tudo tem um jeito, uma solução e um ínicio. Comece de novo, recolha seus pedaços, cabeça erguida e lágrimas extintas. Você não fora irremediavelmente despedaçada!

B.F.