quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Simples assim... II

- Perdeu a vontade?
- É.
- A então é assim?!
- Assim como?
- Assim, você só faz o que quer!
- O que quero? Você quem começou.
- Sim comecei, mas por algum acaso terminei?
- Não.
- Então posso falar?
- Se quiser.
- Para de ser indiferente, não vou falar nada também.
- Viu quem não quer falar?
- Você não me deixa falar!
- Eu deixo, to te ouvindo até agora.
- Quer saber, deixa pra lá.
- Volta aqui, agora quero saber!
- Agora vai esperar a minha vontade.
- Desculpa, me fala, não vou interromper.
- Tá, vou falar.
- Então Fala!
- Tá.
- Fala!
- To tentando...
- Então fala!
- Para de falar que coisa!
- Tá, eu paro.
- Posso começar então?
- Pode.
- Vou começar...
- Vai logo!
- Então, já fazia um tempo que eu tentava falar...
- Ah, não...
- Lá vem você, o que foi?
- Nada! Dá pra continuar?
- Se parar de ficar falando, que difícil!
- Pronto parei por aqui!
- Você é uma boba mesmo...
- Boba? Boba é quem me chama!
- Ah não, lá vem a criancinha.
- Criança? Tá me chamando de criança?
- To! Por que? É isso que tá parecendo.
- Criança é você que fica enrolando ai.
- To tentando já faz um tempo.
- Então fala! Já cansei dessa brincadeira.
- Como eu tinha dito antes de você interferir...
- Interferir?!
- Fica quieta, por favor.
- Tá!
- Então, como eu estava dizendo...
- Hum...
- Já faz um tempo mas você nunca permite que eu diga, desde o dia em que te conheci,te achei a pessoa mais linda e perfeita desse mundo...
- Eu?!
- Sim, você. Mesmo com todos os seus medos e defeitos, isso te faz ser a menina mais perfeita, meiga que conheço. Te amo.
- Me ama?!
- É.
(Silêncio)
- Por Favor, fala alguma coisa...
- Eu, eu...

(continua)


B.F.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Sem título.


O teu silêncio me diz coisas que eu não deveria saber. Eu finjo que não me importo, quando, na verdade, eu sinto cada célula ser corroída por um ciúme que não tem direito de ser meu. Eu também tenho meus segredos. E, enquanto isso acontece, tudo que eu posso te dar são meias-verdades. Uma resposta padrão para concordar com o teu "né?!" Então eu me calo, para que o meu silêncio te diga as coisas que você não deveria saber e te diga o que minhas palavras não ousam te contar. Talvez eu me arrependa pelo que disse ou por aquilo que deixei de dizer. Talvez não.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Não volte mais...

E as horas passam os dias, os segundos estranhamente, tudo passa; monotonamente. Ninguém sabe o quanto eu sinto a sua falta, o quanto me tornei dependente de você; de todas as suas manias, dos seus gostos, desgostos, da sua voz, o quanto você me faz falta. A minha dor não pode ser preenchida por ninguém, a não ser você. Volta meu amor? Volta pra mim? Prometo que mudarei minhas manias, meu jeito, mudo meu mundo por você. Diz-me que vai voltar posso esperar anos e anos, mas sempre levarei o sorriso da certeza de sua vinda. Em todos os rostos, tento encontrar o seu, esperando que o teu rumo sem querer passe pelo meu, sinto falta do cheiro que me invadia e me deixava realizada, ás vezes parece que estou sozinha, queria tanto que você voltasse a cada dia eu sinto a mesma dor, a dor que me tira de mim mesma, a vontade que eu sinto de você não vai passar, espero que Deus me devolva você no tempo Dele, ou te tire de mim de uma vez só. Será que alguém poderia arrancar isso tirar com todas as veias e interligações que tenho contigo?! A cada sorriso seu, me faz ter a vontade de te abraçar de te pegar no colo e fazer aquele carinho, de te chamar de neném de novo de fazer com que tudo volte fazer diferente fazer melhor, preciso tanto de você. Volta, por favor, volta; minha dor está me matando. A foto que me dera ainda continua em minha estante, pelo menos é a lembrança de que fora meu; olho para a mesma todos os dias, analisando os lugares em que mais gosto; os seus olhos que se fecha quando sorri, e as mãos que me fazem me sentir definitivamente completa e novamente os olhos que se fecha a cada momento de aflição...
Volte logo, ainda estou a sua espera...

Simples assim...

- Larga esses livros em cima da mesa e senta um pouco aí. Precisamos conversar.
- Conversar? Mas, tipo, conversa séria?
- Séria.
- Ai...
- Que que foi?
- Isso me dá medo!
- Medo, medo de quê? Você nem sabe o que eu vou dizer!
- Eu não preciso saber, o tom da tua voz denuncia qualquer intenção. E entenda, eu tenho medo...
- Aliás, isso é outra coisa que a gente precisa conversar, eu não aguento você medrosa desse jeito. Eu disse que era uma conversa séria. Só isso.
- Só? Desde quando que conversa séria é bom sinal? Aí tem...
- Aí onde? Já tá vendo coisa onde não tem? Eu quero conversar, isso é simples.
- Então não faz esse suspense todo. Fala e pronto.
- Eu estou tentando, mas você não me deixa.
- Claro que deixo, estou aqui ouvindo. Com medo, mas ouvindo.
- Ah, deixa pra lá...
- O quê? Como assim deixa pra lá?
- É, deixa assim. Desisti da conversa.
- Tá louco? Todo esse pânico que você colocou em mim pra terminar sem dizer nada? Não senhor! Vai falando aí...
- Não.
- Ah não?
- Não.
- Por quê?
- Porque não, ora. Perdi a vontade.
- Mas era conversa séria?
- Era, já disse.
- Então, fala logo. Não é justo comigo.
- Tá, tá, eu falo. Mas promete que você vai me ouvir até o fim sem falar nada?
- Ah, já não prometo nada.
- Mas você não quer saber o que é?
- Quero, mas não posso prometer que eu vou ficar quieta. Se o assunto é sério, eu posso querer interferir... E aí?! Como fica?
- Fica quieta, não interfere. É simples.
- Lá vem você com esse papo de simples de novo.... Eu tento não intervir, prometo que tento.
- Não é suficiente.
- Mas o que você quer? Um contrato? Um pacto de sangue?
- O que eu quero é o assunto da conversa séria, mas você não me escuta...
- Tá, não fala então!
- Não?
- Não.
- Mas não estava curiosíssima pra saber?
- Tava.
- Então?
- Perdi a vontade.

(Continua)

B.F.

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Estava eu, esperando que a agonia passasse – apenas esperando, que a chama da esperança apagasse – sabia que não iria poder adiar aquela conversa por muito tempo. Foi quando aparecera, no MSN dizendo tudo o que sentira, dizendo tudo o que pensava, abrindo o buraco em meu peito com cada palavra, esmagando cada sentimento que construiu em mim – sem o mínimo de coragem, sem que eu pudesse ao menos ver a sua reação, ver o que passava em seus olhos, lindos olhos, que sempre brilhavam a me ver – a cada palavra, me sentira irremediavelmente despedaçada.
E sentira que a dor não iria passar, até que Ângelo aparecera, para completar – ou não – o vazio que estava em mim...

B.F.

Desisto

Eu desisto. Desisto das palavras a quem eu juro fidelidade e me traem. Desisto da tecnologia que ao invés de aproximar só afasta cada vez mais as pessoas, torna tudo mais frio e suscetível aos erros. Desisto das músicas que já não falam por mim, dos clichês que me corrompem e do meu miserável vocabulário. Estou farta dessas sedes insaciáveis. Cansada dessa sociedade que banalizou os valores que ainda existiam e tornou as pessoas verdadeiros paradoxos ambulantes. Desisto dessas crises de TPM que surgem do nada, dos meus gritos mudos que nunca calam e das lágrimas que despencam sem a minha autorização. Desisto das tentativas frustradas de fazer do jeito certo, como se o errado fosse algo tangível à minha singular existência. Cansei de ler nas entrelinhas, de saborear o gosto amargo das palavras que só surgem como resposta e nunca como surpresa. Desisto de desistir.

B.F.

Menos, bem menos...


Eu queria menos. Gostar menos do seu sorriso, do seu cheiro, do seu abraço. Precisar menos de você, dos seus conselhos, da sua companhia. Eu queria menos. Sentir menos arrepios quando você beija meu pescoço, menos frequência cardíaca quando você está perto e menos medo de te perder. Sentir menos vontade, fazer menos planos e, ironicamente, sentir menos euforia. Eu queria menos. Me sentir menos completa, cantar menos, falar menos. Rir menos sozinha, ver menos graça nas coisas comuns, sonhar menos. Eu queria menos. Sentir menos necessidade de que o tempo passe rápido, menos vontade que ele pare. Gostar menos de cada coisa que você faz, das suas caras, do seu sarcasmo. Querer estar menos contigo, sentir menos saudade. Eu queria menos. Sentir menos paixão, menos desejo. Precisar menos das bobagens à toa, dos comentários intelectuais, da presença de espírito. Querer menos os elogios, as críticas, as observações. Gostar menos do seu perfume, dos seus olhos, do seu cabelo. Achar menos graça nas coisas que você diz, nos gestos. Eu queria menos. Acreditar menos que a felicidade tem nome, que o presente faz jus ao nome. Ouvir menos as músicas que me lembram você, criar menos motivos para pensar em você, menos expectativas. Ser menos neurótica, paranóica, apaixonada. Sentir menos frio, menos calor. Eu queria menos. E de tanto querer menos, eu te quero mais.

B.F.